quarta-feira, 6 de abril de 2011

Soneto de desgraça.


Entrei naquele corpo vivo e forte
guiado por um vento sudoeste
encarregado de levar a peste
as coisas escolhidas pela morte.

Azar é relativo: Tive sorte
de vestir a mortalha que te veste.
Fui o fardão de quem passou no teste
de suportar o que não dá suporte.

Missão: Exterminar toda essa gente
parida do pensar "neo-racional".
O pús que expelí ainda é quente

e faz com que o tudo cheire mal.
Despeço-me feliz e sorridente
por ter compartilhado o anormal.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Nuclear.


O homem atraido pela cobra
que arrastou-lhe pelo abismo acima,
sentiu-se como o neto que a avó mima
numa corrupção que se desdobra

e vara o tempo curto que nos sobra
em pensamentos que me abomina:
Será o tempo o deus que nos domina
em uma alegoria de manobra?

Será que a raposa te apanha?
Julgando-se a alma poderosa
você mergulha em tua própria entranha

buscando uma verdade mentirosa
que lhe fará viver de forma estranha
pois a ciência humana é perigosa.

Súplica.


Vade monstro mal da inconsequência!
Essa demência só me faz ruir
feita traça macabra a puir
os tecidos de minha existência.

Rato de metrópole


O rato escondeu-se em um canto
pensando o quanto lhe subestimavam.
Notou que as pessoas que o julgavam
queriam mais que ele o acalanto.

Aqueles seres sérios não amavam
e eram fomentados pelos prantos
das rezas desconexas dos santos
que limitavam e escravizavam.

O salvador falhou e o seu vício
alienou nossos antepassados.
Compreendendo este forte indício,

serás julgado pelos desalmados
que acalentarão o teu ofício
de roer condições de desgraçados.

Fugindo do caos.


Vou me desentender q'ua natureza
pra ela suspender o oxigênio
e acabar com todo o tungstênio
que alimenta o feio e a beleza.

Duzentas mil pessoas foram mortas
numa destruição tão agradável
que fez da morte um ser mais que amável
pois "Deus escreve certo em linhas tortas".

Eu não sou muito bom em matemática
mas entendí que nada é organizado:
Da terra ao céu, do cosmo ao estado,
o caos não deixa o tudo na estática!

Por isso peço ajuda diferente
e mais além do que se imagina:
Eu quero renascer numa vagina
de uma coisa que nunca foi gente.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sopro quente.


Assim que eu soprar de forma quente
esta vontade quase extinta, faço
comprimir todo este pacote em maço
reinventando antes que eu invente.

Aquilo que te envolve como um laço
conduzirá teu corpo e tua mente
deixando para tí só um somente
ensaio de comédia e embaraço.

Eternamente sempre será dita
palavras que eu sempre compreendí
moldadas nesta forma tão maldita.

Me lembre o que eu te prometí:
Fazer valer minha palavra escrita
queimando tudo aquilo que escreví.

Pergunta de deus ao cão:



- Porque tú segues esta infinita escala?
- Tú queres ter o rítmo da bala e da lava
que verte do vulcão?