sexta-feira, 18 de março de 2011

Uma nova vila no inferno.

Eu sei porque tú queimas neste inferno
e sinto sua nobre condição:
O fogo não te faz ser um tição:
Acende tua chama em brilho eterno.

Desdobra-te complexa emoção!
Retire de um Sátiro o terno
que cobre-lhe. Arraste-o ao inferno,
adentre a mais pura perdição!

Inferno é perceber ser bom não ser
um membro grato d'uma farça morta
que só a loba-fêmea pode ver.

Mate seu pai e abra essa porta
que fará tua madre perceber
que a patinha além de feia é torta.

3 comentários:

  1. Parafraseando Drumond:

    "Quando nasci, um anjo torto

    desses que vivem na sombra

    disse: Vai, Rejane! ser gauche na vida."

    E sigo andando, deixando mais a correnteza me levar, do que seguir a rigidez social, o como vc colocou "a farsa morta" Bonita metáfora! Me lembrou outra linda :

    "Mas as pessoas na sala de jantar
    São ocupadas em nascer e morrer"

    O bom jogador quer o equilibro: não posso nem ser um cisne exclusivamente negro ou outro exclusivamente branco.(Recomendo o filme CISNE NEGRO, para compreender melhor o simbolismo deste jogo.). Se quisermos ser perfeitos, um dos nossos polos vai nos esmagar, por não dar a devida atenção a ele."A única pessoa que está no seu caminho é você mesma!" Somos sempre o pior inimigo de nós mesmos, e o mais difícil de ser vencido. Perceber que coisas que nos fundamentam em nossas estruturas internas, que acreditamos serem verdades mais puras, podem serem nossas ruínas, não por serem negativas ou positivas (não curto jogos de valores, acho tudo muito relativo), mas simplesmente por deixarmos aquilo petrificar-nos e nos fecharmos a outro lado das questões,e assim, deixarmos de ver o Outro, a si no outro, a procurar ceder para poder ganhar outra perspectiva e novo vigor. Isto me lembra tantas musicas, tantos poemas e filmes..... Tantas quedas e tombos feios que levei, e continuo levando.E continuarei levando! Deixemos a perfeição para os deuses! E qualquer coisa pode ser nosso objeto de transferência dessa perfeição. Nele podemos depositar todos nossos ideais, como quando somos
    espectadores na caverna de Platão e só vemos as sombras e imaginamos: aquilo é perfeito.
    Mas se quisermos amar a nós mesmos e percebemos ao máximo quem somos nós, ou amar tb o outro, da mesma forma inteira, a que se aceitar as imperfeições. Taí o expressionismo, o impressionismo, o realismo-fantástico,Van Gogh, Frida, Tarsila, Munch, Klimt, Kafka, distopia de 1984, Pink Floyd, Picasso, o punk, os hippies, etc, pra dizer que fiquem os deuses com as perfeições. O mundo é torto, eu sou torta e só os muito tolos acreditam no contrário e nunca vão sair da caverna.

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  2. mais que picante!!!
    Tá otima a Toca do Gárgula!!!!!

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  3. Como Nietzsche disse uma vez “Não há no mundo amor e bondade bastantes para que ainda possamos dá-los a seres imaginários” ...

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Palavras cruas.